Jorge Hilário Dias da Silva nasceu em 02 de novembro de 1965 em Grajaú, estado do Maranhão, à Rua Frei Benjamin de Borno, conhecida ladeira dos correios, em um tempo onde as parteiras exerciam a medicina e os seus agravantes eram raros! Caçula e quinto filho de Teresa Dias, conhecida “Teresa Boleira”, Jorge Hilário cresceu aos pés do rio Grajaú, no Bairro Limoeiro. Sua mãe exerceu também o papel de pai, e este “mistério” (pois Teresa guarda até hoje em segredo o nome do progenitor do filho) não gerou as melhores experiências para Jorge. “Lembro-me que no primeiro dia da aula de catecismo, a professora perguntou-me quem era meu pai, e ao responder ‘EU NÃO SEI QUEM É MEU PAI’, ela retrucou de forma massacrante: – ‘VOCÊ NÃO SABE QUEM É SEU PAI, MENINO?’. Aquele episódio me trás marcas até hoje”, conta.

Apesar das dificuldades, sua mãe transmitiu-lhe os valores que trás consigo e formaram o seu caráter de um homem reto. Apaixonado por bola, quando criança sonhava em ser jogador de futebol, mas como Teresa era visionária, primou pelos estudos, matriculando-o em escola particular, na época, o colégio Santo Antônio. “Ainda criança comecei a enfrentar os preconceitos de ser ‘o filho da puta’, assim chamadas as mães solteiras da época, no meio da ‘fina flor’, como era conhecida a sociedade que cria ser rica, onde na verdade vivia dependente do dinheiro público da prefeitura, e só depois entendi que era uma pseudo riqueza . Na minha mente de criança, não compreendia porque não era convidado para os aniversários e festinhas dos colegas ”, lembra. Ainda jovem, acordava às 4h da manhã para acompanhar a mãe na venda dos bolos no Mercado Central, próximo à ponte de madeira, hoje a biblioteca Jarbas Passarinho. “Eu tinha que levantar rápido porque a Teresa era muito zangada; e com ou sem chuva nós íamos com o carro de madeira cheio de toda espécie de bolos: tapioca, milho, arroz, puba e macaxeira, assados no forno de barro, que ela rigorosamente acendia todos os dias, com lenha, às 2h da madrugada. Muitas vezes eu despertava com o vai e vem dela no fazer dos bolos, em alguns meses as noites eram chuvosas, contrastando com o calor do forno no fundo do quintal, onde ela me mandava voltar pra dormir, uma cena nítida na minha memória”, revela.

Na adolescência continuou a vender os bolos, geladinho e banana. Aos 17 nos, o médico José Elói o convidou para morar em São Luís, a fim de estudar e buscar novos caminhos, em um tempo em que Grajaú não oferecia oportunidades acadêmicas.  Chegando lá, morou em casas de família e posteriormente em pensionatos no centro histórico da capital. As coisas começaram a melhorar quando adquiriu seu primeiro emprego no Banco Nacional, aos 21 anos, em 1987, onde fez carreira, exercendo os cargos de escriturário, caixa, tesoureiro e gerente. Posteriormente, em 1990, tornou-se funcionário do IPEM – Instituto de Previdência do Maranhão, assumindo o cargo de tesoureiro. Por fim, em 2000, assumiu o concurso público no cargo de Investigador de Polícia Civil do Maranhão, atuando no combate ao crime organizado no centro-sul do estado.